Mediação para um diálogo que leve em consideração o bem-estar de mais de 80 famílias. Foi com este propósito que a Prefeitura de Sorriso iniciou a segunda-feira (29 de setembro), ouvindo representantes das 83 famílias do Assentamento Vitória, que estão preocupadas com a possibilidade de despejo da área que ocupam há mais de 10 anos.
A mobilização dos assentados em busca de apoio para permanecerem na terra se deu em razão de uma decisão liminar assinada pelo juiz Walter Fabrício Simeone da Silva, ainda no dia 19 de setembro. “Ainda ontem à noite (domingo, 28 de setembro), terminei de conferir os cadastros e são 230 famílias que vivem e trabalham no Assentamento Vitória, com cerca de 20 crianças que frequentam a escola regularmente”, contabilizou a representante dos assentados, Ivone Boff. Segundo eles, já há uma matrícula da área em nome do Incra, o que poderia colocar fim à disputa.
O prefeito Alei Fernandes, ao lado do vice, Acacio Ambrosini, assim como da primeira-dama e secretária da Mulher e da Família, Mara Fernandes, dialogou com os assentados, que também receberam o apoio do padre Valdevino de Almeida. O procurador-geral do Município, Alex Sandro Monarin, também participou da reunião.
“Entendemos que o Vitória é um assentamento produtivo, levamos ações de educação, saúde, infraestrutura e assistência técnica lá e estamos mobilizados para mediar o diálogo com instâncias superiores, como o Incra, por exemplo”, afiançou Alei, que já destacou a Procuradoria Jurídica para atuar nesta situação.
O prefeito afirmou ainda que, se for preciso, poderá disponibilizar transporte para que representantes do Vitória possam dialogar, na capital do Estado, com o Incra. “Também vamos somar forças à Câmara de Vereadores, para formarmos uma comissão e agirmos em prol do bem-estar das famílias do Assentamento”, complementou.
“Essas famílias contribuem com o Município, produzem alimentos para nossas feiras e nossa merenda escolar, e uma possível ação de despejo por gerar um impacto social extremamente negativo”, reiterou o vice, Acacio Ambrosini.
Os assentados, que já estão preparando a terra para a plantação de mandioca e melancia, reforçaram a preocupação com a possibilidade de cumprimento da decisão, em especial com os idosos e crianças que habitam o Assentamento, assim como o destino dos animais da unidade, dado que a produção leiteira também é uma fonte de renda das famílias.
O padre Valdevino reforçou o apoio aos assentados, bem como o cuidado que precisa ser tomado pelas autoridades para que o possível cumprimento da decisão liminar. “São mais de 80 famílias que estão lá, fui rezar missa na quinta-feira e percebi que o Assentamento está bem cuidado, com estradas em boas condições e as pessoas estão animadas com a produção, por isso, nossa preocupação com a decisão da justiça, que pode colocar em risco o bem-estar destas famílias”.
Texto: Nádia Mastella
Fotos: Ney Douglas
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